domingo, 5 de junho de 2011

Panfletos

Depois de uma saída durante o dia pelas ruas de Porto Alegre, dei ma olhada dentro do meu carro e fiz uma constatação. O carro estava cheio de papéis. Cheio, não é figura de linguagem. Eram realmente muitos papéis. Desde anúncios de novos empreendimentos imobiliários, passando por propagandas de pet shops, comidas, promoções de peças, som automotivo e até de casas de “massagem”. Isso mesmo, esse tipo de “massagem” que vocês estão pensando. Detalhe que, quem entrega os panfletos das casas de “massagens” são as próprias “massagistas”. Mas isso na vem ao caso.

O caso é que, essa grande distribuição de panfletos, além de ser um grande desperdício dos meios naturais, pois é papel – nenhum deles que eu parei para ver era de papel reciclado – é um importuno para os motoristas.

Quase todas as sinaleiras, semáforos ou sinais, como queiram, de Porto Alegre, possuem uma pessoa distribuindo algum tipo de papel, com alguma propaganda de alguma coisa. Nós motoristas ou até mesmo passageiros, muitas vezes para ajudar aquele trabalhador – pois a maioria dos panfletários são obrigados a distribuir uma quantidade “x” de panfletos pra poder terminar seu turno – vamos arrecadando os papéis distribuídos ao longo da cidade e assim enchendo o carro de papéis. Isso quando alguns mal educados, não dobram na primeira esquina a atiram o papel pela janela, sujando a cidade.

Na hora de limpar o carro, em casa ou em uma lavagem, esses papéis todos de dentro do carro que vão parar em uma lixeira, normalmente com lixo comum orgânico, sem dar oportunidade para que se recicle aquele papel todo. Pois se poucos são os que lêem os papéis pegos nas sinaleiras, menos ainda são aqueles que depois se preocupam em dar um fim correto a esses papéis.

Mas aí alguém dirá: Se tu sabes de que propaganda se trata, é porque tu leste. E se tu leste, o panfleto atingiu a finalidade a qual foi criada.

Respondo: Não. Na verdade, pra mim foi um tiro no pé, pois além de um incomodo, ainda tratam-se de empresas, lojas ou o que for, cujo comprometimento com a sustentabilidade é próximo de zero. Ou seja, ganhou minha antipatia.

Outro dirá: Mas isso dá emprego para as pessoas.

Na verdade não é emprego, é trabalho. Na maioria, senão todos, esse trabalho é realizado sem um contrato formal, em condições completamente precárias, sem refeições e intervalos e o “salário” é com base no dia trabalhado e de uma cota a ser distribuída, sem limite de tempo para a jornada de trabalho. Com certeza para quem está ali e melhor esse “dinheirinho” do que ficar em casa sem ganhar nada. Mas será que é o certo? Quantos de vocês já viram aquelas pessoas no “olho do sol”, com 40 graus de calor a sombra, entregando panfletos? Não seria isso, justamente uma forma de pressão, para que sintamos pena e peguemos aqueles papéis “para ajudar” aquele que está distribuindo a entregar sua cota o mas rápido possível e sair daquele sol escaldante? Seria certo zelarmos ou estimularmos esse tipo de trabalho?

Tenho certeza de que os papéis não são a única maneira de entrar nos nossos carros. O Pretinho Básico, Cafezinho, Brasil na Madrugada, que o digam. Alguém duvida? Eu é que duvido, de alguém que escuta um desses programas, que são diários, que não lembra de pelo menos um anúncio feito por eles. Todos nós lembramos, nem que seja de um, mas lembramos. São todos programas de rádio de grande audiência, principalmente entre os motoristas.

Isso que nem falamos da distribuição de panfletos nas ruas quando estamos andando, como por exemplo no centro, onde, caminhando, quase somos agredidos para que peguemos um papel. E esses já têm destino certo. O chão das ruas.

Quer vender seu produto ou serviço, gasta um pouquinho mais, e anuncia em uma rádio qualquer. É muito mais limpo, rápido, muito, mas muito menos incomodo e socialmente responsável.

E o rádio é só um exemplo. Têm ainda outdoors, faixas e outros.

Mas se ainda assim, optar pelo velho panfleto, que o faça de forma ecologicamente responsável. Continuará importunando, mas de uma maneira menos agressiva ao meio ambiente.

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