terça-feira, 31 de maio de 2011

As imposições e evoluções na sociedade

Hoje ouvindo o rádio, me deparei com Alexandre Fetter, comunicador da radio Atlântida FM, relatando o que havia presenciado sobre o movimento “massa crítica” – movimento que prega o uso de bicicletas como meio de transporte – referente à agressividade de alguns componentes do grupo, provocando e até ofendendo motoristas durante o seu protesto que trancou várias ruas.

Palavras de ordem como “...quero ver acelerar agora...” e “...fumando velho burro...”, pronunciadas por membros do referido movimento, para motoristas indevidamente trancados no trânsito por força do protesto, foram citadas pelo comunicador Alexandre Fetter, testemunha presencial dos fatos. Difícil.

Vivemos em uma sociedade um tanto tradicional, machista e de costumes centenários. Certo que já houveram evoluções, mas essas não são e nem devem ser rápidas, sob pena de serem evoluções modistas e passageiras.

Vejo que hoje, com essa evolução de direitos e de tecnologia, existe um grupo de pessoas que gostariam de apressar essas mudanças culturais à força. Na minha humilde opinião é o que acontece com o movimento “massa crítica”.

O brasileiro possui carro há muito tempo. O brasileiro, como diz o comercial, é um apaixonado por carro. A cultura de se ter um carro é muito forte no nosso país. Isso não é uma novidade. Crescemos admirando carros. Motores, gasolina, rodas, suspensões. Isso é centenário. Quem, principalmente os homens, não sonhou em crescer e ter o seu próprio carro? Aposto que mesmo esses que hoje divulgam a bicicleta como meio de transporte, quando crianças, sonhavam em ter o seu próprio carro. Isso é o normal no Brasil.

Andar de bicicleta, para a maioria das pessoas é apenas um lazer. Pegar a bicicleta para dar uma voltinha no domingo é o normal. Usar a bike como meio de transporte diário é a exceção. Ainda.

Isso um dia pode mudar e a bicicleta virar a regra do transporte nas capitais. Talvez demore, talvez seja rápido. Não se sabe. O que não se pode é impor à força que isso aconteça. Fazer com que as pessoas deixem seus carros em casa e andem de bicicleta, é uma mudança radical na cultura do brasileiro. E como toda e qualquer mudança na cultura de qualquer país, isso exige muito tempo e dedicação. Forçar as coisas ou tentar impor alguma coisa referente aos costumes de uma nação não é o mais fácil. Empurrar “guela abaixo”, pode e com certeza vai gerar a antipatia da população, e ao invés das pessoas abraçarem a causa, vão repelir o movimento. Protestos para chamar a atenção é uma coisa. Atrapalhar a vida alheia é outra.

Na mesma rádio Atlântida FM, outro comunicador, KG Lisboa, citou outra atrocidade do referido movimento de ciclistas. Esses ciclistas utilizaram todas as faixas da Av. Independência sentido ao bairro, tendo em vista que se localiza além do complexo hospitalar da Santa Casa, é caminho certo e quase obrigatório para mais 3 hospitais. Protestar e chamar a atenção das pessoas, criando empecilhos para chegada a hospitais, não é protesto, é baderna. Aí alguém vai dizer: Ah! Mas se tiver a ambulância vai ligar a sirene e o movimento vai abrir passagem. Aí eu replico: Só ambulâncias transportam doentes o acidentados? Carros particulares e táxis também atendem doentes e acidentados.

A forma a qual o movimento “massa crítica” tenta dar visibilidade ao seu movimento, trancando ruas, interrompendo o trânsito e limitando a mobilidade dos outros entes do trânsito, sem a comunicação das autoridades do trânsito para que os acompanhe, além de prejudicar outras pessoas, põem em risco a vida dos próprios ciclistas.

Nossas ruas estão lotadas de carros. Não existem espaços nem delimitações corretas e eficazes para carros e pedestres, quem dirá para as bicicletas, que querendo ou não, nas ruas de qualquer capital do Brasil, são um meio de transporte relativamente novo frente ao pedestre, transeunte e os carros.

Gostaria muito que realmente houvessem ciclovias e espaços próprios e enquanto isso não acontece, respeito para quem quer usar esse transporte barato e limpo, que com certeza aliviaria inclusive o trânsito de veículos, mas isso ainda não é uma realidade.

Pleitear esse direito é legítimo. Impô-lo não. Com violência então, pior ainda!
Me desculpem aqueles que pensam diferente, mas não é dessa forma que se muda uma cultura.

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